Hoje criei essa página sobre o projeto “Sociedade Dividida”, que pretendo continuar com ensaios em outros países. Comecei a escrever uns textos e buscar umas fotos do primeiro livro, Terra Santa, sobre a divisão na Cisjordânia. E escrevendo sobre a visita a Al-Khalil (Hebron), especificamente sobre a ida à casa de Hashem Azzeh, um ativista palestino que teve sua casa cercada por um assentamento e era obrigado a entrar e sair pelos fundos, não podia ter facas, teve suas oliveiras envenenadas e, de tempos em tempos, tinha seu lar invadido e destruído por colonos criminosos (não só por isso) que moravam a sua volta. Fui à procura de algumas informações sobre ele pela internet, por sites de ONGs que trabalham na região da Cisjordânia e matérias sobre como estava sua situação, já que vez ou outra ele era preso, interrogado, mas ainda assim se recusava a abandonar sua terra. Infelizmente descobri que há dois meses ele foi morto durante uma manifestação em Hebron. Inalou gás e não foi socorrido a tempo, principalmente por conta dos bloqueios na cidade. Lendo uma entrevista de sua esposa, um mês após a sua morte, ela disse que desde então estão proibidas visitas à sua casa e que a situação ficou ainda pior do que era.

Como eu escrevi na introdução do livro, “Palestina é um território por onde obrigatoriamente passa um capítulo importante da história mundial. Um onde a linha que separa o entendimento da intolerância é mais tênue. O maior sacrifício será conseguir reverter o ódio que a atual e as futuras gerações carregam e vão carregar pelo erro dos outros. Muçulmanos morreram, judeus morreram. Hoje um lado é certo e outro errado. No passado foi o contrário. E por conta dessa alternância, o outro é sempre errado. Enquanto não houver correção para que se olhe para trás e os fatos possam ser baseados em bons exemplos, só nos resta aguardar uma eterna e ineficaz tentativa de paz”. Uma pena.
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