O artigo 13 da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que:
- Toda pessoa tem o direito de livremente circular e escolher sua residência no interior de um Estado;
- Toda pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.
Apesar dos tópicos acima serem bem claros, não é isso que acontece na Cisjordânia. São inúmeros os checkpoints espalhados por lá. Eles cercam casas, assentamentos ilegais, cidades. Eles funcionam como o principal obstáculo do apartheid a que são obrigados a viver os palestinos. Um dos maiores e mais movimentados é o de Qalandia. Curiosamente ele separa a Palestina da Palestina. Quem passa por lá é basicamente quem trabalha na parte leste de Jerusalém. Conversando com um palestino de Nablus, que hoje vive em Ramallah, ele foi bem objetivo: “Eles vencem pelo cansaço. Eu demorava 10 minutos pra vir trabalhar. Hoje são no mínimo 50. Tem dias que até duas horas”.
Em fevereiro de 2014 eu estive lá. Como eu vinha de Ramallah para Jerusalém por volta das 16h, peguei o movimento contrário e não demorei muito tempo, por volta de 15 minutos, mas o funcionamento é mais ou menos assim:

Você entra em filas cercado por grades por todos os lados e lá na frente a divisão de concreto feita pelo muro, que tem cerca de 9 metros de altura. São cabines espalhadas e, ao se aproximar, você entrega seus documentos e sua bolsa. Passa por um detector de metais que sempre apita. Do outro lado os soldados, por um vidro blindado, devolvem suas coisas. Como eu não era palestino, passei sem problemas. Assim como Nathalia, minha mulher. No caso deles é diferente. Homens, quase 100% das vezes são revistados. São feitas perguntas e alguns minutos depois são liberados. Ou não.
Do lado de fora do checkpoint há um estacionamento de ônibus e de lá você pega seu transporte para onde for. Dali até o Damascus Gate, em Jerusalém demoramos cerca de 20 minutos. A viagem é feita em ônibus apenas com árabes ou turistas.
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