A Otan, em 24 de março de 1999, há 17 anos, sem aval do Conselho de Segurança da ONU, atacou forças do exército iugoslavo na Sérvia, em Montenegro e no Kosovo. Até o final da campanha, em junho, foram utilizadas 1241 aeronaves de treze países.
As ações foram questionadas pela mídia internacional e um relatório da Human Rights Watch aponta que, “no que diz respeito a violações da Otan do direito internacional humanitário em Kosovo, a HRW estava preocupada com um número de casos em que as forças da Otan:
– Tomaram precauções insuficientes para identificar a presença de civis ao atacar comboios e outros alvos móveis;
– Excessivas baixas de civis por não tomar medidas suficientes para verificar se alvos militares não têm concentrações de civis”.
Menos de duas décadas depois, Montenegro foi convidado para a aliança (Otan). No discurso do Ministro de Relações Exteriores de Montenegro na organização, em dezembro de 2015, a posição do governo é bem clara. Segundo ele o país está orgulhoso pelo convite para “Montenegro se unir à aliança”, já que isso representa um reconhecimento dos esforços montenegrinos, que implementou “reformas para conseguir se tornar membro”. Já o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, espera que Montenegro continue “sua reforma, a luta contra a corrupção e conquiste o apoio popular”. Sobre a oposição da Rússia à aliança, Stoltenberg disse que a possível entrada de Montenegro na aliança não diz respeito à Rússia: “É entre a Otan e Montenegro e mais ninguém tem o direito de interferir nessa decisão”.
Apesar do discurso que preza pela não interferência de outros países, duas semanas antes da formalização do convite a Montenegro, Stoltenberg visitou a Sérvia, um dos maiores opositores à aliança e que prefere permanecer neutra em relação à Otan. Durante sua visita, o secretário-geral afirmou que “a Sérvia não está mirando se tornar da Otan e a Otan não força ninguém a se tornar membro. Ou seja, quando Montenegro se candidata, negociamos com ele e ninguém mais. Se a Sérvia que se mantiver neutra, está ok para mim”. Ainda em seu discurso em Belgrado, ao lado do primeiro ministro sérvio Aleksandar Vucic, Stoltenberg falou sobre as agressões de 1999, e afirmou saber que a Otan é controversa no país: “Há diferentes visões e posições sobre a Aliança. A campanha de 1999 nunca foi contra a população sérvia, foi para conter uma postura inaceitável do governo de Milosevic. Fizemos todos os esforços para evitar danos a inocentes”. E no fim, assumiu que erros aconteceram ao oferecer “condolências às vítimas” e dizer que “é o momento de olhar para frente”.
Na ocasião da visita, protestos foram vistos em frente a Assembleia da República, na capital Sérvia.

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