Faltando poucas horas para deixar a ilha do Chipre, decidi dar uma volta maior antes ir para o aeroporto. Sem GPS, segui as placas até Pyla, ou Púla, como se fala, no distrito de Larnaca, para visitar uma das poucas cidades dentro da Buffer Zone, a área da ilha que está sob controle das Nações Unidas.
De carro, logo quando entro na pequena vila de pouco mais de mil moradores, vejo uma placa: “Proibido fotografar”. Para um fotógrafo, isso é quase um pedido para que se faça o contrário. Não usei a máquina profissional, mas para esses momentos que o iPhone tem grande utilidade. Fotografia não é equipamento, embora ele ajude em muitos casos. Fotografia é olhar, oportunidade, a cultura que você carrega. E muitas vezes, discrição. Do próprio carro, sem chamar atenção, consegui registrar a cidade.
Marcado pela violência nas décadas de 60 e 70, o Chipre acabou divido em dois. República do Chipre, parte grega, e República Turca do Chipre do Norte, parte turca, reconhecida apenas pela Turquia. E nessa cidade é possível ver um pouco da divisão, em formato reduzido.
Da estrada, anda-se uns 5km até o checkpoint. Vê-se bandeiras turcas de uma lado, e um pouco de indiferença do outro. Não nenhum tipo de exaltação do lado grego. Apenas a sensação de se viver num lugar que parece parado no tempo há pelo menos 40 anos. Onde o silêncio é o personagem principal. Ninguém na rua, quase nenhum carro. E os postos de gasolina fechados.