Os cerca de 300km de viagem de Belgrado, na Sérvia, para Sarajevo, na Bósnia, duraram 7h30. Na primeira metade, o encontro com o rio que sempre ouvi falar lendo sobre a guerra que arrasou o país de 1992 a 1995, o Drina. E `as suas margens fica uma das cidades-chave para o início do conflito: Zvornik.
No início da década de 90, Karadizic, líder bósnio-sérvio, ameaçou os muçulmanos do país (Bósnia) em um discurso no parlamento:
“Vocês não estão preparados para uma guerra. Vocês poderão enfrentar a extinção”, disse.
Izetbegovic, líder bósnio e muçulmano, foi claro, minutos depois:
“O discurso de Karadzic mostra que não podemos mais fazer parte da Iugoslávia”.
Em 1992, praticamente sem ter escolha, Izetbegovic convocou um referendo que acabou por decretar a saída da até então República Iugoslava da federação.
A Bósnia sempre foi o lugar com mais mistura de etnias. Muçulmanos representavam 43%, sérvios ortodoxos 35% e croatas católicos romanos18%. Mesmo sendo maioria individual, os muçulmanos não contavam com apoio militar, diferentemente dos sérvios e croatas. Os primeiros podiam se sustentar em Milosevic, líder da Sérvia, e que tinha o comando do exército iugoslavo. Já os croatas, no exército da Croácia, recém-declarada independente pelo líder Franjo Trudman.
Logo após o referendo, vencido por Izetbegovic, as hostilidades começaram. E pelo lado dos muçulmanos, que atacaram um casamento sérvio. Dois dias depois a capital do país, Sarajevo, já estava dividida. Os muçulmanos com o centro, os sérvios com as colinas. Em seguida um protesto no parlamento deixou seis mortos. Até que paramilitares sérvios tomaram Bljeljina, e logo depois Zvornik, em abril de 1992. Apesar do prefeito da cidade, Abdulah Pasic afirmar que era possível uma convivência pacífica, menos de um mês depois, a cidade que tinha quase 50 mil muçulmanos, ficou sem nenhum.

No fim de abril, a presidência da Bósnia apelou para ajuda da comunidade. internacional. Na primeira semana de maio, Sarajevo começou a ser bombardeada pelos bósnios-sérvios.
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