A primeira vez que ouvi falar nessa cidade tem pouco mais de 10 anos. Durante a copa de 2006, quando pela primeira vez um país que não existia mais disputou a competição, fui `a pesquisa de informações sobre Sérvia e Montenegro. Acabei parando em Srebrenica, que no fundo não tem assim tanta relação com os dois, mas faz parte da mesma história no geral.

A cidade é um enclave muçulmano na região de maioria sérvia da Bósnia, a República Srpska. Após ser abandonada por forças da ONU, que não receberam mais apoio para proteger a população dos paramilitares sérvios que cercavam a região, os boinas azuis abandonaram a população `a prórpia sorte. O resultado foram 8725… homens e meninos muçulmanos assassinados, numa tentativa de limpeza étnica. Eles usam as reticências, já que em alguns casos famílias inteiras morreram e não há ninguém que tenha informado sobre o desaparecimento. A assinatura dos acordos de Dayton, em 1995, que assegurou a independência da Bósnia, dividiu o país em áreas croato-muçulmanas e sérvias, e pôs fim ao conflito.
Hoje visitei Srebrenica. Não fiz a quantidade de fotos que previa. Há 14 anos colocaram o primeiro túmulo para homenagear as vítimas do genocídio. Mais de 300 mães de Srebrenica estavam lá em uma celebração silenciosa. Preferi não invadir o espaço delas e só depois que todas foram embora fiz alguns registros. Em um post futuro, coloco a entrevista com uma dessas mães, que falou comigo quando a cerimônia acabou.

Em frente ao memorial fica a fábrica que era ocupada pelos soldados e depois serviu de palco para os assassinatos. É de longe o lugar mais sombrio que já visitei. E o fato de não haver ninguém, tornou o ambiente ainda mais pesado.

Como qualquer espaço de genocídios, é preciso ter estômago pra imaginar e memória, pra que não se esqueça. Em diversas paredes da Bósnia é possível ler: “Don`t forget Srebrenica”.

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