Abaixo, segue o trecho do livro ‘Sociedade Dividida – Iugoslávia’ em que relato o último dia pela antiga Iugoslávia e relembro a história de Petrovic e Divac:
“Por volta de 7h30, tendo que me virar para trocar dinheiro na rodoviária, já que não tinha mais dinares sérvios e o guichê não aceitava cartão, entrei num ônibus para Zagreb. Decidi que voltaria à Croácia após quase três anos e em seguida subiria até Viena para voltar pra casa.
Como já era um destino conhecido, usei o tempo para andar pela cidade. Visitei o monumento em homenagem a Drazen Petrovic. O ex-jogador de basquete tinha uma interessantíssima e trágica história relacionada com a desintegração da Iugoslávia.

Petrovic foi e é até hoje o maior astro do Cibona, time de basquete de Zagreb. No fim da década de 80 e início da de 90, ele e Vlade Divac formavam uma das principais duplas do esporte no mundo, quando atuavam pela seleção iugoslava. Com o início dos conflitos que causaram a desintegração do país, a amizade entre os dois acabou após a comemoração que sucedeu o título mundial de 1990. Divac, sérvio, tirou a bandeira da mão de um croata que invadiu a quadra com a bandeira de sua república e jogou-a de lado, dando a entender que a vitória havia sido da Iugoslávia. Petrovic, croata, nunca perdoou o amigo. A partir daí o clima esfriou entre os dois. Eles nunca mais se falaram. Na época, ambos atuavam por times da NBA. Petrovic, após temporadas apagadas no Blazers, viria a ser astro no Nets. Três anos afastados e uma nova e definitiva tragédia colocaria um ponto final na história. Petrovic morreria em um acidente de carro na Alemanha, a caminho de casa, durante as férias. Ele tinha 28 anos.
‘Pensei que um dia sentaríamos pra conversar novamente. Esse dia nunca chegou’, disse certa vez Divac.”